domingo, 7 de abril de 2013

John Green (e porque eu leio livros)

Vocês conhecem o John Green? Se não, eu digo pra vocês: é um autor que eu gosto muito, e que eu descobri em 2011, quando eu li "Quem É Você, Alasca?", do qual eu tinha ouvido falar muito bem no tumblr.1 Eu amei muito o livro e aí quando saiu A Culpa É das Estrelas eu fui correndo ler não. Na verdade não. Eu fiquei com preguiça porque eu soube que era uma história sobre uma menina com câncer e eu odeio esse tipo de história melosa que fala de gente doente que vive um amor tórrido e breve e depois MORRE. (Oi Um Amor Pra Recordar, um beijo, Um Amor Pra Recordar) Mas o moço gatíssimo2 da livraria me assegurou que não era nada disso e eu resolvi comprar. Aí depois de uns meses saiu esse O Teorema Katherine, que eu terminei de ler anteontem.
Então. O Seu João Verde escreve livros young adult, que as livrarias brasileiras insistem em agrupar com os infanto-juvenis mas não, são jovens adultos mesmo3. Os livros dele geralmente tem como protagonistas adolescentes losers, tipo nerds com poucos amigos (ou nenhum, como no caso do Miles Halter de Alaska), muito provavelmente porque ele já foi um4. Ele tem também junto com o irmão, Hank, um vlog muito famoso chamado vlogbrothers, do qual ele fala de coisas nerds e de assuntos de conscientização e solidariedade (eles ajudam diversas ongs e etc).
Agora que eu já falei quem é, vamos às resenhas:

Quem É Você, Alasca? é sobre um nerd sem amigos (rs) que vai pra um internato e conhece pessoas novas, inclusive Alaska, uma garota dessas que são super cool e inteligentes mas são tembém rebeldes e cheias de problemas. Ele óbvia e gradativamente se apaixona por ela, e faz coisas que nunca teria feito se não tivesse a conhecido e conhecido os amigos que ele fez lá. Esse é o melhor resumo que eu posso fazer do livro sem dar spoilers, e posso dizer também que o livro é maravilhoso. E triste. E maravilhoso5.

A Culpa É Das Estrelas é sim sobre uma adolescente com câncer e sim, ela se apaixona no livro, mas eu juro que não é meloso e nem nada do tipo. Esse livro aliás vem sido colocado numa categoria chamada sick-lit, que significa "livros que falam de gente com doenças graves/à beira da morte" (sick = doente e lit = abreviação de "literatura"). Eu não gosto desse termo porque ele é usado de forma pejorativa: pelo que eu vejo muita gente falando, é como se fossem livros de adolescentes emo cheias de mimimi, que acham legal sentir dor ou ficar doente, ou que querem chamar atenção. Não são.6 Eu posso assegurar a vocês, assim como o moço da livraria me assegurou. Então, a menina tem câncer e frequenta, por livre e espontânea pressão, um grupo de apoio de uma igreja. Ela acaba conhecendo lá um cara chamado Augustus, e eles começam a se encontrar e sair juntos. Os dois tem ótimo senso de humor e é assim que eles lidam com as dificuldades da doença.
Esse livro é um amor também, lindo e triste. Mas é um triste não meloso (é muito necessário enfatizar)

O Teorema Katherine é sobre um garoto prodígio que tem apenas um amigo e já namorou 19 Katherines na vida. A última, K19, acaba de terminar com ele e partir seu coração em milhões de pedaços, e é a que o leva a ir com o melhor amigo à uma roadtrip sem destino em busca de quem sabe encontrar o pedaço que falta em si.
Esse é um dos que eu mais gostei7, não só porque eu amo histórias de roadtrip, mas porque sei lá, eu me senti dentro do livro, e me identifiquei com diversas coisas que o personagem sentia! O melhor amigo dele é engraçadíssimo, Lindsey (a garota que eles conhecem na cidade) vai muito além das aparências e as notas de pé de página são diversão a parte.
Melhor parte do livro (se você não tiver lido o livro nem vai fazer sentido mas mesmo assim não leia porque antes da metade do livro já faz e vai perder a graça): "- Eu beijei Katrina. - Na boca? - Não, mané, no esfíncter da pupila dela." HAHAHAHAHAHAHA EU CHO-REI COM ISSO


Aí foi esse último livro que me fez vir escrever esse post, porque eu meio que devorei ele8 (se é que 5 dias contam como devorar, conheço gente que teria lido em 3 horas) e aí quando chegou tipo nas últimas 30 páginas eu não queria terminar de jeito nenhum.
É que eu me senti dentro do livro de verdade. Eu começava a ler, e quando alguma coisa me fazia parar eu pensava "ops, é mesmo, eu não estou em Gutshot, Tennessee, eu estou na minha casa, em Belo Horizonte". Sabe? É como sair de um transe de repente.
E eu acho que é por isso que eu gosto tanto de ler. Ler é entrar em um mundo completamente diferente do nosso, é viajar, é viver a vida do personagem. Aliás, talvez seja essa também a resposta da segunda pergunta que mais me fazem atualmente9: "Porque você faz cinema?". Eu amo filmes porque eles me levam a realidades diferentes, me passam emoções diferentes e me deixam maravilhada, e é essa sensação que eu quero passar pras pessoas no futuro.



1: Tumblr: sempre sendo extremamente útil em recomendar livros e filmes bem antes dos mesmos ficarem famosos
2: às vezes eu uso esse termo me referindo à personalidade, faz sentido pra vocês?
3:  não sei se vocês já jogaram The Sims - Vida De Universitário, mas quem já jogou deve se lembrar que tinha como escolher a opção "jovem adulto" pra poder morar sozinho ou em república. E eu pelo menos adorava isso, poupava o trabalho de ter que criar um responsável inútil só pra matar ele depois.
4: assim como a Meg Cabot muito provavelmente foi uma adolescente excluída, levemente pervertida e muito teimosa que tinha uma paixão pelo melhor amigo.
5:  quando eu fui procurar esse livro foi difícil, mas eu achei na pra comprar na internet. Agora fui ver tá esgotado no fornecedor, mas relaxem que agora que o John Green é famoso no Brasil o livro deve voltar a vender.
6: eu disse no plural porque um dos outros livros que normalmente é citado quando se fala de sick-lit é As Vantagens de Ser Invisível, que (junto com Harry Potter e As Relíquias da Morte) é meu livro preferido e meu filme preferido de todos, mas eu nunca mencionei ele aqui porque a época que eu percebi o quanto esse livro é maravilhoso (e fiz todo mundo ler e amar também) foi a época que eu tava com preguiça de escrever no blog.
7: talvez a ordem seja Alaska > Teorema > Culpa
8: eu nunca vou dizer "devorei-o", nunca. Por mais que seja o certo e "devorei ele" seja feio, "devorei-o" é formal demais e faz parecer coisa de advogado.
9: a primeira é: "E depois que forma em cinema faz o quê?", que aliás é uma pergunta que eu odeio.